quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Expressando a Liberdade

A liberdade de expressão não é um direito absoluto, mas sua restrição deve estar baseada em parâmetros bastante claros e estritos. Portanto, é necessário definir o que são restrições legítimas, em contraponto àquelas que caracterizam abuso de poder e ilegalidade. O direito à liberdade de expressão garante a qualquer indivíduo a possibilidade de se manifestar, de buscar e receber informações e idéias de todos os tipos, independentemente da intervenção de terceiros. Isto pode ocorrer oralmente, de forma escrita, através da arte ou de qualquer meio de comunicação. O conceito de liberdade sempre esteve ligado à ideia do livre-arbítrio, ou seja, o poder de decidir sobre o próprio destino. Contudo, por mais que a raiz desta concepção permaneça a mesma desde a Grécia Antiga, houve uma grande mudança de lá pra cá. Hoje, a busca pela liberdade é um caminho para a felicidade, mesmo que fugaz e temporária. Há uma ideia de que ser livre é poder agir para desfrutar de um prazer imediato. Isso se traduz no aparecimento de relações menos estáveis, tanto profissionais quanto pessoais. Considerando que toda ação chama uma reação, fazer o que quer sem pensar nas consequências não torna ninguém mais livre nem garante a conquista da felicidade. Exemplo claro disso é o desabafo. Você pode até falar o que quiser ao outro, exercitando a sua liberdade de expressão. Porém, desta maneira, estará se tornando um prisioneiro da sua emoção descontrolada. O caminho da vida pode ser o da liberdade e da beleza, porém nos extraviamos. A cobiça envenenou a alma dos homens, levantou no mundo as muralhas do ódio, e tem-nos feito marchar a passo de ganso para a miséria e morticínios. Sou um homem livre e preciso da minha liberdade, de estar sozinho e meditar na minha vergonha e no desespero em retiro; preciso da luz do sol e das pedras do calçamento das ruas sem companheiros, sem conversação, frente a frente comigo, apenas com a música do meu coração como companhia. A liberdade, que é uma conquista, e não uma doação, exige permanente busca. Busca permanente que só existe no ato responsável de quem a faz. Ninguém tem liberdade para ser livre, pelo contrário, luta por ela precisamente porque não a tem. Ser livre é não ser escravo das culpas do passado nem das preocupações do amanhã. Ser livre é ter tempo para as coisas que se ama. É abraçar, se entregar, sonhar, recomeçar tudo de novo. É desenvolver a arte de pensar e proteger a emoção.

sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Cultivando Virtudes

Importante observar que as melhores e mais sólidas lições as crianças aprendem no cotidiano, com os exemplos que observam nos adultos. É mais pela observação dos atos do que pelos conselhos. Se a criança cresce em meio ao desleixo, descuido, às mentiras e desrespeito vendo os adultos se agredindo mutuamente, ela aprenderá essas lições. Assim, se temos a intenção de passar nobres ensinamentos a alguém, se faz necessário que prestemos muita atenção ao nosso modo de vida, às nossas ações diárias. Como todo bom jardineiro, os educadores devem ser bons cultivadores de valores e virtudes para obter frutos saborosos e flores perfumadas. E que, acima de tudo, é preciso semear, pois sem semeadura não há colheita. Devem observar com cuidado as tendências dos filhos e procurar semear na alma infantil, as sementes das virtudes. Ao mesmo tempo devem preservá-la das ervas-daninhas, das pragas, da seca e das enchentes. Sem esquecer jamais o adubo do amor. A alma da criança que cresce sem esses cuidados básicos, por parte dos adultos, geralmente se torna campo tomado pelas ervas más dos vícios de toda ordem. E, de todas as ervas más, as mais perigosas são o orgulho e o egoísmo, pois são as que dão origem às demais. Por isso a importância dos cuidados desde cedo. E para se ter êxito nessa missão de jardineiro de almas, é preciso atenção, dedicação, persistência, determinação. O campo espiritual exige sempre o empenho do amor do jardineiro para que possa produzir bons resultados. E o empenho do amor muitas vezes exige alta dose de renúncia e de coragem. Coragem de renunciar aos próprios vícios para dar exemplos dignos de serem seguidos. Os jardins da alma infantil são férteis e receptivos aos ensinamentos que percebem nas ações dos adultos. Por essa razão, vale a pena dedicar tempo no cultivo das virtudes, antes que as sementes de ervas-daninhas sejam ali jogadas, nasçam e abafem a boa semente. Para que você seja um bom cultivador de almas, é preciso que tenha, na sua sementeira interior, as mudinhas das virtudes. Somente quem possui pode oferecer. Somente quem planta pode colher.